Esse texto foi originalmente enviado em um dos pontos de contato do Emergir e foi repostado aqui na íntegra.
Olá a todxs xs Nós ✌🏼🙂 Espero que estejam todxs bem e acolhidxs nos diferentes cantos da(s) rede(s) que permeamos :)
Escrevo esse texto com carinho e esperança, sem muita clareza sobre o seu propósito, mas consciente de que, há alguns dias, ele vem pedindo vazão…
Como muitos de nós podem ter percebido, estive menos conectado às dinâmicas de rede nos últimos dois meses, desde que parti para Barcelona para compartilhar parte das aventuras da Co-criação e Emergencia. Depois de Barcelona, onde fiquei por três semanas trabalhando com a Complexity Labs, parti (sem) rumo ao Marrocos, onde vivi experiências transformadoras relacionadas à imprevisibilidade e impossibilidade de controle das dinâmicas fluídas. Complexidade vivida! E depois de uma curta, mas muito proveitosa passagem por Londres, cheguei em São Francisco, para vivenciar o termino de um ciclo que inicie há 4 anos atrás…
Em 2015, sai da unesp e iniciei os meus estudos na Minerva, uma universidade itinerante que me possibilitou acesso a muitas coisas que mudaram minha vida, inclusive conhecer algumas cidades e culturas diferentes pelo mundo. Em 2017, depois de concluir dois anos (metade) da graduação, decidi sair também da Minerva, para explorar outras possibilidade de devir, com a complexidade como bússula. Essa decisão me levou a lugares (físicos e não físicos) que eu nem imaginava que existiam, o que inclui as explorações em rede com o Emergir =D
Ainda assim, sentia um chamado para estar presente no momento de termino do ciclo que iniciei com a Minerva e por isso me esforcei para estar aqui em São Francisco, onde tudo começou, para acompanhar os meus amigos que se formaram dessa jornada. Não é difícil de imaginar o simbolismo associado a minha presença aqui, e os processos desencadeados a partir disso também são bastante significativos para mim.
Estar em uma viagem tão emergente e acolhedora; voltar para onde tantas coisas começaram; poder participar do processo de finalização de um ciclo; e viver as culturas dessas diferentes localidades - com novos olhares e vivências - tem me levado a refletir (conscientemente e não-conscientemente) sobre as dinâmicas que têm caracterizado o meu atual devir. Mais especificamente, estar imerso (como agora) em um ambiente de super-valorização do trabalho, do dinheiro e da produção - em detrimento de outros sabores da experiência humana - despertou ansiedade e desconforto em mim, junto com reflexões profundas sobre como ser e estar de forma saudável em um mundo em colapso, que ainda gera pressão em direção às formas de se fazer e organizar que se provam insustentáveis.
“Como fazer diferente? Como encontrar inovações verdadeiras? Como viver de forma digna sem se vender? Como se organizar regenerativamente (sem que isso seja cooptado em mais uma propaganda de marketing?)”
Algumas das questões desse processo sem respostas. Porém, a bússola continua presente apontando para experimentações (e formas de se organizar) em ambientes distribuídos, em rede; com uma percepção de que muita integração (entre frameworks, paradigmas, e percepções) ainda precisa acontecer. Além disso, me sinto mais atento e sensível às necessidades de acolhimento dos nós em exploração, sem necessariamente ter respostas sobre como isso pode acontecer, inclusive para as minhas próprias explorações.
Como disse, esse texto pedia vazão dentro de mim há alguns dias e acho que o porquê tem a ver com a minha vontade de voltar a energizar e animar as dinâmicas em rede. Com certeza, agora, com outros olhares (o que inclui o poder dos micro-diálogos ao invés das macro-comunicações (como esse texto) e talvez até um pouco mais de críticas), mas também com a consciência reforçada de que, do jeito que tá, realmente não dá.
No mais, muita gratidão por todos os fluxos que têm me dado suporte nesse período de peregrinação - e têm sido muitos - no campo material e, principalmente, no imaterial, onde as dinâmicas costumam ser mais intensas pra mim. Obrigado @Samara pela escuta e forte parceria E é com alegria que compartilho algumas coisas que estão me animando, como a chance de escrever sobre a minha viagem pelo Marrocos para o Holistic Science Journal; as experiências educacionais imersivas que venho co-criando: em diferentes sabores com a @camila e a @luana; as ideias e textos da mentoria fractal com o @julio que têm mudado muito as minhas percepções sobre todos esses fenômenos (apesar de eu não ter feitos todas as leituras hahah); e uma vontade crescente em mim de mexer com a terra quando retornar ao Brasil (possivelmente em uma terra da família em processo de viabilização); algo que eu espero poder animar em rede, de forma co-criativa e emergente =D
É isso ai. Um grande abraço a todos nós e obrigado pela atenção =D Saudações cogumélicas